“Tenho o privilégio de não saber quase tudo.
E isso explica
o resto.”
Manoel de Barros
Nas
minhas perguntas de sempre, estive eu desde ontem na insistência de uma, o que
falar/ouvir no dia do Índio? Ouvir os conteúdos “livrados”, enterrar o corpo na
maldade histórica, assistir às reportagens atuais, deixa-los escolher, ...,
cairia no de todo ano, talvez!
Sim,
porque além de poeta, sou professora de crianças em torno dos 9, 10, 11 anos.
Então, ainda ontem, sem decisões mais concretas, resolvi antes do sono, que já
era insistente, ler as minhas frases preferidas – as criadas pela poesia... Escolhi
um livro que ainda não tinha começado, de um poeta que também conheço pouco, “Menino
do mato” do Manoel de Barros, e que de tão confortante, fui ao extremo e perdi
o sono. É bem, muita, verdade, que o livro é curto; curto como um caminhar de minutos
que alivia toda a tensão de um dia, curto como o momento que você se livra por
um instante de uma queda, curto como um sorriso tardio enviado a um rosto a
pouco virado, curto como um sonho bom que acaba antes do fim, curto como o
poema de uma palavra/frase apenas..., cheio dessas e de tantas observações do
tempo das vidas...Ao final, no ultimo poema, me vem a surpresa que inspirou meus alunos a
criarem seus poemas, e a usarem todo o espaço reservado pelas escolas ao dia de
hoje, ao dia do Índio. Assim que, pra minha imensa alegria, eles incorporaram o
espírito infantil ao espírito de estudante; sim, pois Manoel de Barros é um
menino, “o menino do mato”, a criança permanente nele, permaneceu em meus alunos.
Segue
o poema de Manoel de Barros.
O primeiro poema:
O menino foi andando na beira do rio
E achou uma voz sem boca.
A voz era azul.
Difícil foi achar a boca que falasse azul.
Tinha um índio terena que diz-que
Falava azul.
Mas ele morava longe.
Era na beira de um rio que era longe.
Mas o índio só aparecia de tarde.
O menino achou o índio e a boca era
bem normal.
Só que o índio usava um apito de
Chamar perdiz que dava um canto
Azul.
Era que a perdiz atendia ao chamado
Pela cor e não pelo canto.
A perdiz atendia pelo azul.
O menino foi andando na beira do rio
E achou uma voz sem boca.
A voz era azul.
Difícil foi achar a boca que falasse azul.
Tinha um índio terena que diz-que
Falava azul.
Mas ele morava longe.
Era na beira de um rio que era longe.
Mas o índio só aparecia de tarde.
O menino achou o índio e a boca era
bem normal.
Só que o índio usava um apito de
Chamar perdiz que dava um canto
Azul.
Era que a perdiz atendia ao chamado
Pela cor e não pelo canto.
A perdiz atendia pelo azul.
Obs.:
Postarei alguns dos poemas e/ou poemetos feitos pelos alunos...
Lai
Câmara
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