sábado, 31 de dezembro de 2011

Aos desavisados

Os versos, volta e meia, são secretos
as poetas bem sabem
nada de perdão
inibem os olhos pouco inteligentes
cheios de emoção

Os risos são todos mistérios
aparentes ânsias que se bastam, no momento...
aplausos contaminados e educados

As poetas são perigosas, conhecem o encanto do beija-flor,
das virgens e dos vulcões com suas orquídeas.

Devagar no divagar com as poetas!

                                          Laís Câmara

domingo, 25 de dezembro de 2011

Não há !

Não haveria por que não ter vivido?
Laranjas são cheiros
perseguem o tempo todo
como poema que quer te deixar TONTO

Haveria poesia nascido?
Não se sabe, hein, Ferreira?
que só é meu amigo – nem tu sabes!
                         da amizade vivida
                         canal de mistura.

Voltemos ao que intriga
Não haveria por que não ter vivido?
São milhões em andanças
Não haveria?
Qual força mudaria? Não há!
Nada se quer, transmataria.

Por tanto, que já é pouco,
voltas ao que satisfeito se faz por onde insatisfeito (claro).
Não haveria porque não ter vivido!
Onde está o que exatamente aqui esteve?
Distante o tão bão, nunca ao alcance.

                                                             Laís Câmara

Nasce o "Diabo" no Natal

O inferno pairou, ninguém fale comigo, nem me olhe, a qualquer um direi que odeio, quero morrer exatamente agora, neste instante, quer pior? – Não o fazer! Vão todos se ferrar, ou melhor, seria melhor, que aqui, em tudo, um bomba caísse, da atômica, e explodisse, sem nenhum arrependimento, antes q este chegue, estou assim, neste instante que n passa, sou assim, uma euforia de ódio, do que há de mais destrutivo, do que fez criar os bons, estou transbordando dos olhos, poros, narinas totalmente limpas, dos mais apertados, tudo jorra do mais legítimo sentimento de matar e morrer, sem que pense no mais inofensivo de todos! O que fazer? Sumammmmmmmmmmm e me deixem no meu breu morrendo só, preciso morrer e matar junto comigo todo o ódio... por seu dElS!

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Amor

Já tive coragem pra tanto
Espantos
Delírios intensos
Mundo inteiro
E pro amor cortaram minhas arestas
Como eu o queria de novo
Tosco
Do jeito que criaram Deus
E criaram este eu
Ouviram minha voz de anjo
Mas não escutaram o canto
Silencio de quem se ama
Descobri voz nos outros
Mas, canto, também não ouço,
Empurro as cores pra longe
Escuro que encontro no sempre
É este o amor
O que quero
Está no serrar dos olhos
Intenso
Pra quando sempre, como deve ser,
Como quando sede tenho,
Tenho sempre no fechar dos olhos,
O amor que eu bem (querer)!
                                                                           Laís Câmara

..........Vento Zonzo........

                                                         para Ivone Sol

Como encontrar o irmão mais novo da solidão? ...


Estreando em seu cansaço,
espero o vento, vindo, desconcentro...


Olha o quente... não! Não sinta!
Olhares são pra hoje, separa,
hoje é doce, agosto já se foi,
te convences.


Tenho prêmios de rainha,
Trouxe também alquimias,
Mas hoje, olha para o vento...


Veja que leva, sorria,
amanhã é tempo de que?


Deixa ele – o vento,
Você já conhece demais teu umbigo,
O vento – traz risos de mistérios arrepios,
E eu boba, há anos que nem desconfio!
                                                                              Laís Câmara

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Florbela Espanca

Poetisa de vida testada, era filha de mãe que não podia ter filhos, e por consequência o pai escolheu outra mulher para fazê-los. Aos sete anos vez seu primeiro poema, A Vida e a Morte, onde desde cedo traz preferências por temas escusos e melancólicos. Casou-se cedo, aos 19 anos, sendo trocada por sua empregada, e tendo sempre um comportamento complacente diante dos fatos, gerando novo casório da empregada com o marido. Sofreu aborto involuntário, e com o passar dos tempos apresenta sintomas de neurose. Casa-se novamente e, após o segundo aborto, separa-se novamente, fazendo com que a família deixe de falar com ela, e deixando-a muito abalada. Casa-se pela terceira vez, perde um irmão em um acidente gravíssimo, deixando a poetisa bastante abalada, agrava-se a neurose, tenta suicídio, e é diagnosticado um edema pulmonar. Às duas horas do dia 8 de dezembro – no dia do seu aniversário Florbela D’Alma da Conceição Espanca suicida-se em Matosinhos, ingerindo dois frascos de Veronal. Algumas décadas depois seus restos mortais são transportados para Vila Viçosa, “… a terra alentejana a que entranhadamente quero”.

Pra quem tem "gôsto"(ahhhh minha preferência pelo antigo português) por poesia viva...gosto e indico Florbela!

Bibliografia

A lista que se segue indica, em ordem cronológica, as obras escritas por Florbela, na sua primeira edição, bem como as cartas da poetisa vindas a público. Posteriormente, ao longo dos anos, as suas obras foram reeditadas sob diversas perspectivas, ora reunindo toda a sua obra poética, ora reunindo apenas os sonetos, ora incluindo apenas os diversos contos que escreveu. 

Livro de Mágoas, 1ª edição, s. l., Edição da Autora, 1919 
Livro de Soror Saudade, 1ª edição, Lisboa, Edição da Autora, 1923 
Charneca em Flor: sonetos de Florbela Espanca (edição póstuma), 1ª edição, Coimbra, Livraria Gonçalves, 1931 
Juvenília: versos inéditos de Florbela Espanca, precedidos dum estudo crítico de Guido Battelli, 1ª edição, Coimbra, Livraria Gonçalves, 1931 
Cartas de Florbela Espanca a Dona Júlia Alves e a Guido Battelli, 1ª edição, Coimbra, Livraria Gonçalves, 1931 
As Máscaras do Destino, contos, 1ª edição, Porto, Editora Maranus, 1931 
Cartas de Florbela Espanca (e evocação lírica de Florbela Espanca por Azinhal Abelho e José Emídio Amaro), 1ª edição, Lisboa, Edição dos Autores, s.d. 
Diário do Último Ano (seguido de um poema sem título), 1ª edição (edição fac-similada), Amadora, Bertrand Editora, 1981 
O Dominó Preto, contos, 1ª edição, Amadora, Bertrand Editora, 1982